passagem por Santa Maria

Em evento militar, Bolsonaro diz que Exército 'nunca se furtou de lutar pela democracia'

Marcelo Martins

Jair Bolsonaro prestigiou, na noite de sábado, a Festa Nacional da Artilharia. O vice-presidente, Hamilton Mourão, também se fez presente
Foto: Renan Mattos (Diário)


Na primeira visita ao Estado, como presidente da República, o capitão da reserva Jair Bolsonaro esteve, neste sábado, em Santa Maria para a tradicional Festa Nacional da Artilharia. Durante passagem pelo maior município do centro do Estado, o político do PSL causou frenesi desde o momento em que pisou em solo santa-mariense. Na ala 4, que fica dentro da Base Aérea, Bolsonaro assim que desceu do avião presidencial quebrou o protocolo e foi em direção a apoiadores.

Bolsonaro quebra o protocolo, sai do carro para agradecer apoio e é ovacionado

No primeiro contato com a população, Bolsonaro - a exemplo do que fez na campanha eleitoral - soube explorar uma prática que lhe deu projeção na corrida ao pleito do ano passado: o corpo a corpo com seus apoiadores. Distribuindo abraços e apertos de mãos, acenou a todos que o ovacionaram. Em dois momentos específicos levou a multidão à loucura. O primeiro deles foi quando deu tapas em um pixuleco - que representa o ex-presidente Lula com roupas de presidiário - e, o outro, se deu quando ele colocou um chapéu jogado por um apoiador.

FOTOS: como foi a visita do presidente Bolsonaro em Santa Maria

Aos gritos de "mito", o presidente desceu do carro oficial e ficou próximo de apoiadores que vestiam, a maioria, roupas com as cores da bandeira nacional e ainda com o rosto do presidente. Após isso, Bolsonaro saiu escoltado do aeroporto militar e ingressou na ERS-509, a Faixa Velha de Camobi, e em forte comboio seguiu por trechos das BRs 158 e 287 - onde se dão as obras da Travessia Urbana - e ao cruzar por dentro do centro da cidade parou para fotos com apoiadores. Assim foi nas avenidas Angelo Bolson e Liberdade. Bolsonaro, tanto na chegada à Base quanto dentro do quartel, pegou crianças no colo e posou para fotos. 

Já dentro do quartel-general do Regimento Mallet, mais fotos e muita tietagem. Um pequeno grupo do lado de fora esperava pelo presidente e houve um breve protesto por parte das pessoas que criticaram a vinda dele e lembraram o fato de já ter sido declarado "persona non grata" de Santa Maria - em uma referência a um fato, ainda da década de 90, quando Bolsonaro, então deputado federal, esteve na cidade e recebeu o título por parte de vereadores do Legislativo. Não houve qualquer incidente ou enfrentamento por parte dos grupos de apoiadores e de opositores (que, logo depois da manifestação, deixaram a frente do quartel). A organização da segurança do presidente estima que, ao menos, 1 mil homens tenham se envolvido na força-tarefa de garantir a segurança do chefe de Estado.

A solenidade 

Já dentro do quartel, Bolsonaro chegou na companhia do vice, o general Hamilton Mourão, e ainda do general Heleno (chefe do Gabinete de Segurança Institucional). No reservado das autoridades públicas - que também tinha militares da alta cúpula das Forças Armadas - ainda estavam o governador Eduardo Leite e o prefeito Jorge Pozzobom, ambos do PSDB. 

A celebração durou cerca de duas horas e, ao fim, Bolsonaro falou ao público. No discurso, que durou 5'39, afirmou estar honrado de participar da Festa da Artilharia, já que ele e o vice são oriundos dessa escola, enalteceu. Ao defender o armamento, o presidente disse que "a vida é um bem valoroso, mas algo mais valoroso é a liberdade". Destacou o alinhamento com os Estados Unidos e afirmou que o governo de Donald Trump teria aceito o país "como grande aliado militar extra da Otan". Durante o discurso, justificou a necessidade de investimentos nas Forças Armadas como uma forma de "garantir a paz e a tranquilidade" do Brasil.

Ainda disse que o Brasil precisa agradecer e reconhecer "os valorosos homens do Exército que, nos anos 60, foram extremamente importantes", em uma referência indireta ao golpe militar (1964-1985), e emendou:

- O Exército nunca se furtou de lutar pela democracia e tudo as Forças Armadas fazem pelo Brasil.

Sem especificar se falava, por exemplo, da reforma da Previdência, o presidente disse que "precisa do povo do nosso lado" para aprovação de medidas importantes e pediu que a população cobre o Congresso para que medidas importantes saiam do papel.

Memória e descontração

Ainda durante o discurso, Bolsonaro lembrou que, na década de 90, esteve em Santa Maria "para visitar um grande amigo e um patriota". O presidente se referia ao capitão do Exército Enir Garcia dos Reis, ex-vereador pelo Legislativo local, e que em 2011 morreu aos 62 anos. À vontade ao lado do vice, enfatizou que é a primeira vez que um presidente participa da Festa Nacional da Artilharia e levou os militares e o público aos risos e aplausos quando disse que "é muito bom ser brasileiro, mas ainda melhor é ser gaúcho" e, em tom de descontração, perguntou "cadê meu chimarrão?".

Ao fim da solenidade, que durou 2h05min, Bolsonaro passou brevemente pelo coquetel que foi oferecido a convidados e políticos e deixou o regimento sem falar com a imprensa. Desde que a Festa Nacional da Artilharia foi criada, nos anos 90, é a primeira vez que um chefe de Estado se faz presente. A solenidade, por mais de uma hora, encenou a Batalha do Tuiuti - que é considerada a maior batalha campal da América do Sul, durante a Guerra do Paraguai - e ainda presta uma homenageava o marechal Mallet, o patrono da Artilharia.

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